SENTIMENTO DE PEÃO
Meu sentimento profundo
É buscar coisas no mundo
Que se extraviaram na vida,
Recuerdos da minha infância
Quando cresci lá na estância
E amadureci c’oa lida.
Eu tinha por companheiro
Meu velho pingo sogueiro
Pra recolher a tropilha,
Formavam no parapeito
No mas chegava com jeito
Para arreglar as encilhas.
Na lida fui bem ativo
Na volta o pé no “estrivo”
Pra o trono nos pelegos,
Trazia o dia a cabresto
Pra o serviço pegar preço
O campo não dá sossego...
O destino me deu um tombo
Num pealo de sobre lombo
Me fez estancar o grito!
E a cada passe de lua
É a realidade crua!
Que vou sorvendo solito.
Quem dera pai das alturas
Que acabassem as agruras
E o tempo voltasse atrás
Para rever a peonada
Fazer formar a manada
As ordens do capataz.
O campo ficou em silêncio
Juntamente com o Terêncio
Sem crer na fatalidade,
Amarguei a triste sina
Tosado de cola e crina
Num corredor da cidade!
Lua
minguante de maio 2011.
Getulio Silva e Batista SB.