terça-feira, 8 de maio de 2018



NOS PESSUELOS DA MEMÓRIA

Ouço um resmungo de gaita
E um ponteio de violão
Uma milonga no rádio
Falando de tradição
Pôr capricho do destino
Não golpeio mais potros
Estou bem longe do campo
Num rancho em riba dos outros.

Num povoeiro da cidade
Nestes ranchitos empilhados
Sinto saudade da sombra
De um cinamomo entonado
Um coice no pensamento
E a canha no “mas” golpeio
Lembrando das carreiradas
E os entreveiros “mais feio”

Um dia eu quero voltar
No destino não tem quem mande
Eu quero me arrinconar
Nalgum fundão do Rio Grande.

Gostava de uma carpeta
De testa eu era doutor
Fazia um verso rimado
Para cantar uma flor
Guardo o osso da tava
Do garrão do boi brazino
P’ra deixar a sorte clavada
No culo do meu destino.

Nos pessuelos da memória
Palmilho meu pago santo
Dedilho meu velho pinho
“P’ra” poder conter o pranto
Lembrando a minha querência
Suas belezas e encantos
Canto a saudade que sinto
Sinto a saudade que canto.

 Getulio Silva/ Marcus Vigolo.

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